Famosa no mundo do surfe, especialmente entre praticantes do longboard, a Praia da Macumba, localizada entre o Recreio e a Prainha, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, enfrenta um processo severo de erosão costeira e corre o risco de desaparecer. A faixa de areia vem sendo reduzida gradualmente desde 2005, com agravamento nos últimos anos. As informações são do Agenda do Poder.
Segundo o oceanógrafo e surfista Carlos Eduardo Velloso, que também mora na região, a situação se agrava entre maio e agosto, quando as ondas, impulsionadas por frentes frias e ciclones extratropicais no Atlântico Sul, podem alcançar até cinco metros. “A situação sempre é mais preocupante entre os meses de maio a agosto, quando as ondas atingem facilmente 2,5 metros, mas podem chegar até cinco metros”, alerta Velloso.
A posição geográfica da praia, voltada para o sul-sudoeste, a torna especialmente vulnerável à força do mar. “O mar aqui bate de frente”, explica o especialista. Além disso, a Macumba é uma praia de barreira arenosa, naturalmente protegida por dunas e vegetação de restinga, hoje praticamente suprimidas pela urbanização desordenada.
A construção do calçadão e da ciclovia em 2002, próxima demais à linha da maré, comprometeu ainda mais essa proteção natural. Em 2017, a ciclovia foi destruída três vezes em um único mês. Na ocasião, a Prefeitura do Rio chegou a interditar 300 metros da orla e realizou obras de contenção, inclusive com a criação de canteiros de restinga em 2019.
Contudo, o problema se tornou crônico. Em 2022, uma nova ressaca destruiu a faixa de areia e rompeu novamente trechos do calçadão e das estruturas de proteção feitas com sacos de areia e cimento.
Outro fator agravante é o desvio de sedimentos. Segundo Velloso, a embocadura do Canal de Sernambetiba, antes mantida aberta por um molhe, sofreu com o assoreamento desde os anos 1980. A dragagem realizada para conter as inundações aumentava a areia nas margens, mas, “ao invés de restituir para a praia da Macumba, origem destes sedimentos, toda essa areia foi retirada por caminhões para aterro de áreas baixas do Recreio dos Bandeirantes”, afirma.
O resultado foi o aumento do déficit de sedimentos, com o estreitamento da faixa de areia e a aproximação da linha d’água às estruturas urbanas. Estudos da UERJ confirmam que o risco da praia desaparecer é real, caso não sejam tomadas medidas urgentes.
Apesar da gravidade, há saídas viáveis: obras de engorda artificial da praia, replantio de vegetação nativa e remoção de estruturas rígidas poderiam reverter o quadro. A decisão, agora, está nas mãos das autoridades ambientais.
Para os curiosos, a Praia da Macumba recebe esse nome por ser ponto escolhido por praticantes de umbanda para rituais religiosos. Mas ela também é conhecida como Praia do Pontal, o destino final da célebre canção de Tim Maia, que começa no Leme e não tem igual.
Peguei muita onda nessa praia . Realmente não deveriam ter autorizado edificações de mais de um pavimento no local e as autorizadas de um pavimento deveriam ter recuo e um novo alinhamento bem maior.
Solução tem! Chama-se ARRECIFE ARTIFICIAL, já foi apresentada mas parece que nossas autoridades estão mais preocupadas em reeleição e manutenção dos cargos e das mamatas!
Poderia trocar de nome:Praia linda.