Moradores e especialistas cobram ações efetivas para revitalizar lagoas da Zona Oeste

Audiência pública debateu soluções para a recuperação das lagoas da Barra, Recreio e Jacarepaguá. Especialistas criticaram investimentos insuficientes e cobraram uso do Fecam.

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A recuperação ambiental das lagoas da Barra da Tijuca, Recreio e Jacarepaguá voltou ao centro do debate na manhã desta quarta-feira (11/6), durante audiência pública externa realizada pela Comissão de Meio Ambiente da Câmara do Rio. O encontro, no auditório de um shopping da Barra, reuniu vereadores, representantes do estado e da prefeitura, além de membros do Ministério Público e da concessionária Iguá.

Morador da Barra, o vereador Diego Faro (PL) conduziu os trabalhos e afirmou: “Sou morador do bairro a vida inteira e tenho a satisfação em contribuir com o local onde nasci, cresci e vivo até hoje”. Estiveram presentes também os vereadores Vitor Hugo (MDB), Zico (PSD), Deangeles Percy (PSD), Marcelo Diniz (PSD), além do presidente da Casa, Carlo Caiado (PSD), que ressaltou: “Nosso objetivo é obter uma atualização das obras de dragagem do Complexo Lagunar e das obras de saneamento nas áreas”.

Mas o tom da audiência foi de cobrança. O promotor do Ministério Público do Rio, Alexandre Maximino, alertou que as medidas previstas são paliativas e criticou o foco exclusivo na dragagem: “Serão gastos R$ 250 milhões para remover o lodo, e o esgoto vai continuar aportando para as lagoas”. Segundo ele, os recursos são insuficientes e seria necessário mobilizar o Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (Fecam), que arrecada cerca de R$ 1 bilhão por ano, mas executa apenas metade disso.

Na mesma linha, o presidente da Câmara Comunitária da Barra, Delair Dumbrosck, afirmou: “Os R$ 250 milhões não dão nem para fazer cócegas nos serviços de dragagem que precisam ser feitos”.

Representando o Inea, Cauê Bielschowsky reconheceu o problema e defendeu a busca por fundos federais e internacionais para ampliar os investimentos.

A concessionária Iguá, responsável pelos serviços de água e esgoto desde 2022, foi cobrada diretamente por moradores e técnicos. Em resposta, o diretor de Operações, Lucas Arrosti, apresentou números e destacou avanços: “A Iguá entra no cenário como parte da solução. Foram 40, 50 anos de avanço da estrutura, mas a infraestrutura de água e esgoto não acompanhou esse crescimento”.

Segundo Arrosti, a empresa já investiu R$ 798,8 milhões em obras, e o total previsto até o fim do contrato ultraa R$ 2 bilhões. Só no complexo lagunar, a dragagem de 562 mil m³ de sedimentos já foi realizada, de um total estimado de mais de 2 milhões de m³. Os trabalhos devem durar 36 meses.

A Iguá também prevê R$ 305 milhões para expandir redes de água e esgoto em áreas irregulares. Das 196 identificadas, 137 estão tecnicamente aptas a receber intervenções — e 21 já foram priorizadas.

Sobre a recente mancha escura no mar da Barra, Arrosti explicou que o fenômeno está relacionado à maré baixa e variações climáticas: “Ele vai ocorrer, independentemente da operação da Iguá”. O biólogo e consultor da empresa, Mário Moscatelli, reforçou que o trabalho atual ataca tanto os sintomas quanto as causas da degradação: “Essa mancha não é novidade nenhuma. A novidade é que estamos agindo de forma mais ampla”.

Ao fim da audiência, Diego Faro se colocou à disposição da população: “A Comissão de Meio Ambiente está aberta para continuar acompanhando esse processo e recebendo demandas dos moradores”.

Participaram também da reunião o deputado estadual Claudio Caiado, a chefe de gabinete da Rio-Águas, Georgiane Costa Vita, e o engenheiro Frederico Menezes, da Agenersa.

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