Jesus Cristo foi oficialmente proclamado “Guardião do estado do Rio de Janeiro”. A medida virou lei nesta quinta-feira (12/06), após ser sancionada pelo governador Cláudio Castro e publicada no Diário Oficial do estado. A proposta havia sido aprovada pela Alerj no último dia 20 e é de autoria da deputada estadual Tia Ju (Republicanos).
A nova legislação prevê que o governo estadual realize solenidades anuais em homenagem a Jesus Cristo, com honras simbólicas pelo título concedido. Na justificativa do projeto, a deputada argumenta que o Rio precisa de proteção espiritual: “É incontestável que o estado do Rio de Janeiro precisa muito ser guardado por aquele que se dispôs a entregar a própria vida para nos salvar”, afirmou Tia Ju.
Além dela, assinam como coautores os deputados Carlos Macedo (Republicanos), Samuel Malafaia (PL), Chico Machado (Solidariedade), Rodrigo Amorim (União Brasil), Danniel Librelon (Republicanos), Rodrigo Bacellar (União Brasil) e Marcos Muller (PL).
A sanção ocorre num contexto de forte presença cristã entre os fluminenses. Segundo o Censo 2022 do IBGE, 83,6% da população brasileira se declara cristã. Destes, 26,9% são evangélicos, proporção que cresceu nos últimos anos — em 2010, o grupo representava 21,6%. Já os católicos aram de 65% para 56,7% no mesmo período.
Enquanto o número de evangélicos cresce, o grupo dos sem religião também aumentou: hoje representa 9,3% da população, ante 7,9% em 2010. A queda na proporção de católicos é contínua desde o primeiro Censo com esse tipo de dado, realizado em 1872.
A escolha de um símbolo religioso como guardião do estado, apesar de não ter efeitos práticos, levanta questionamentos sobre a relação entre política e fé num estado historicamente marcado por disputas em torno da laicidade.
