Em ano de COP30 no Brasil, as discussões sobre financiamento climático estão avançando, no entanto os principais afetados por consequências como calor excessivo, enchentes e deslizamentos não estão em posição de tomada de decisão. As periferias e as soluções com base nos territórios precisam receber o mesmo peso que outros stakeholders no contexto brasileiro de mobilização de recursos para ação climática. Nesse contexto, a filantropia comunitária tem um papel essencial no financiamento da linha de frente, fortalecendo a autonomia dos territórios e reconhecendo-os como protagonistas na transformação social.
No Rio de Janeiro, o Movimento Caxias foi uma dos selecionados pela chamada “Juventudes e Justiça Climática”, promovida pelo Fundo Casa Socioambiental com recursos da doação filantrópica da norte-americana Mackenzie Scott. O projeto da organização recebeu R$50 mil para executar ações voltadas ao letramento climático e à exigência de políticas públicas que enfrentem os impactos da crise climática em áreas como saneamento, urbanização e prevenção de desastres.
Em 2025, o Movimento Caxias foi selecionado para realizar o projeto no bairro Parque Vila Nova, em Duque de Caxias – uma comunidade marcada por remoções, falta de saneamento e extrema vulnerabilidade frente às mudanças climáticas e com muitas potências.
Com o objetivo de fortalecer o protagonismo da juventude e de lideranças locais na luta por justiça climática, o Movimento está criando uma metodologia de educação climática voltada à prevenção de desastres, a realização de oito oficinas com foco em formação política e territorial, e a mobilização de cerca de 200 pessoas diretamente, com o objetivo de alcançar cerca de mil moradores das periferias urbanas da região.
“Muitas organizações, por controle, preferem executar os projetos, fazendo com que o recurso não chegue em organizações periféricas. Diante da emergência climática, existimos para mobilizar uma poderosa rede de apoio a pequenas iniciativas da sociedade civil para fornecer recursos e e capacidades, garantindo uma autonomia cada vez maior para esses grupos. As soluções estão nos territórios e os recursos precisam fluir com essa capilaridade”, conta Cristina Orpheo, Diretora do Fundo Casa Socioambiental.
Com experiência de 20 anos em rear recursos internacionais diretamente para comunidades tradicionais, indígenas e urbanas de base – e uma base de dados com cerca de 4 mil projetos e organizações-, o Fundo Casa abre chamadas regularmente. A organização é pioneira no ramo da filantropia socioambiental, desempenhando um papel estratégico no apoio a soluções lideradas por comunidades.
No próximo dia 26 e 27 de maio, o II Fórum de Finanças Climáticas e de Natureza reúne especialistas no Rio de Janeiro para pautar caminho e discutir caminhos para mobilizar recursos para uma economia mais justa. A diretora do Fundo Casa, Cristina Orpheu, vai participar do “O Papel da Filantropia como Catalisadora da Ação Climática e do Financiamento Climático.”, falando sobre o papel estratégico da filantropia no apoio a soluções lideradas por comunidades.