VIGO ABRE AS PORTAS PARA A PERIFERIA DO BRASIL
No próximo dia 28 de junho de 2025, a cidade galega de Vigo, na Espanha, se tornará palco de um acontecimento inédito: a abertura da exposição “100/SEM ARTISTAS BRASILEIROS EM CARTAZ” na Galeria Apo’strophe.arte. Trata-se de um intercâmbio cultural ambicioso e simbólico, que rompe com as fronteiras do circuito tradicional das artes visuais e finca a bandeira da arte periférica brasileira no coração da Europa.
Sob a curadoria coletiva do Imaginário Periférico, em parceria com André de Oliveira, Raimundo Rodriguez e Sara Pérez Bello, a exposição apresenta cem artistas brasileiros que produzem fora do eixo consagrado das grandes galerias, museus e colecionadores. Esses artistas emergem das margens, das bordas, das periferias geográficas e simbólicas do Brasil — e agora gritam sua potência criativa no Velho Continente.
UM MANIFESTO VISUAL EM VIGO: IDENTIDADE, RESISTÊNCIA E DIÁLOGO
Mais do que uma simples mostra de arte, a exposição em Vigo se apresenta como um manifesto visual de resistência, identidade e criação coletiva. O conceito central da mostra gira em torno da força criativa da periferia brasileira e da necessidade urgente de descentralizar a narrativa cultural dominante, que por muito tempo excluiu as vozes das bordas.
Dois grandes núcleos dão corpo à exposição:
O Grande Coletivo – uma instalação monumental feita com obras em papel, que funcionam como cartazes visuais de denúncia, esperança e identidade. Cada cartaz é uma peça de um mosaico que revela a pluralidade e a potência da criação periférica brasileira.
A Exposição Imersiva de Videoarte – composta por uma curadoria de obras audiovisuais que exploram temas como o corpo, a memória, a ancestralidade, o cotidiano e a resistência política. É um convite à imersão sensível nas realidades das periferias urbanas do Brasil.
Além das obras, a mostra será acompanhada por uma programação cultural paralela, com palestras, debates, poesia e música ao vivo, criando um ambiente de escuta, partilha e confronto de ideias. A proposta é que a galeria se transforme num território vivo de arte e pensamento, unindo o Brasil e a Galícia por meio da criatividade periférica.
“O intercâmbio com a Galícia destaca como a arte transforma fronteiras em encontros”, resume André de Oliveira, poeta e gestor cultural radicado em Vigo.
VIGO COMO PORTA ATLÂNTICA: OCEANO, HISTÓRIA E FUTURO
A escolha de Vigo para essa exposição não é por acaso. Com uma rica tradição marítima e uma posição estratégica na costa atlântica da Espanha, Vigo se consolida como um ponto de ligação histórica entre o Brasil e a Galícia. Essa mostra simboliza não apenas uma parceria artística, mas um reencontro transatlântico entre povos que compartilham séculos de trocas, migrações e hibridismos culturais.
A Galeria Apo’strophe.arte, dirigida por Sara Pérez Bello, vem se destacando como um centro de arte contemporânea que valoriza propostas críticas, experimentais e inclusivas, abrindo suas portas para artistas que desafiam os padrões eurocêntricos da arte globalizada.
Com entrada gratuita, a mostra estará aberta ao público a partir de 28 de junho e promete atrair curiosos, estudiosos, militantes culturais e amantes da arte que buscam algo para além do mainstream.
NO RIO, UMA CELEBRAÇÃO DA RESISTÊNCIA E DA CRIAÇÃO
A exposição “Sem/100 Artistas – Imaginário Periférico” será inaugurada no dia 6 de junho de 2025, com abertura ao público das 13h às 17h, no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, localizado na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro. A visitação regular poderá ser feita de 7 de junho a 23 de agosto, sempre de segunda a sábado, das 10h às 18h, com entrada gratuita.
Reunindo os mesmos cem artistas brasileiros que estarão simultaneamente em cartaz na Espanha, a mostra traz uma programação paralela que inclui visitas mediadas, rodas de conversa com os artistas e performances, consolidando-se como um espaço vivo de intercâmbio, criação e resistência.
A exposição carioca celebra mais de duas décadas de atuação do coletivo Imaginário Periférico, que desde o início dos anos 2000 vem costurando redes de arte e resistência a partir da Baixada Fluminense e outros territórios negligenciados pelas políticas culturais formais.
Essa ocupação simultânea — em solo europeu e brasileiro — é uma ação política, estética e afetiva. Mais que um espelho, é um eco, um grito, um chamado para que se repensem os limites entre centro e margem, entre o que é “institucional” e o que pulsa nas ruas, vielas, becos e galpões reinventados.
O COLETIVO IMAGINÁRIO PERIFÉRICO: 20 ANOS DE INSURGÊNCIA
O Imaginário Periférico surgiu no final dos anos 1990 com artistas da Baixada Fluminense inconformados com a invisibilidade de suas produções artísticas. Seus fundadores — Raimundo Rodriguez, Júlio Ferreira Sekiguchi, Roberto Tavares, Ronald Duarte, Deneir, Jorge Duarte e, depois, Mirela Luz — criaram uma rede que se recusava a esperar por validações institucionais.
O grupo realizou ações em galpões, praças, tendas culturais, ruínas, campos de futebol, mercados, universidades e estações de trem. Chegou à Europa com o mesmo espírito: quebrar os padrões, dialogar com o afeto, acolher o diverso.
Mais do que romper barreiras geográficas, o coletivo desafia os critérios excludentes do sistema de arte tradicional, apostando em processos colaborativos e afetivos que ampliam o alcance de suas ações. A exposição atual é a celebração desses 20 anos de insurgência criativa.
LISTA COMPLETA DOS ARTISTAS PARTICIPANTES
Ad Costa, Ailton José, Alê Souto, Àlex Dominiqui, Alexandre Dacosta, Almira Corrêa, Ana Ana, Ana Pose, Analu Cunha, André Bauduin, André de Oliveira, André Sheik, Antiaris Santos, Antonio Pinheiro, BeDias, Belabort, Bia Serranoni, Bruno Miguel, Carlos Eduardo Borges, Carolina Kaastrup, Chang Chi Chai, Chico Fernandes, Clara Bakker, Clarisse Tarran, Cris Cabus, Cristina Secco, Dawinny Ortiz Ribeiro, Denise Campinho, Demétrio Sena, Deneir, Denise Campinho, Denize Torbes, Ed Di Lallo, Edmilson Nunes, Edson Silveira, Eduardo Albini, Eduardo Mariz, Eduardo os, Eduardo Ribeiro, Elis Pinto, Elmo Martins, Eric Collete, Fabiana Eboli Santos, Felipe Barbosa, Fiuza, Grasi Fernasky, Greice Rosa, Helena Pontes, Helena Trindade, Hugo Houayek, Isabelle Ribeiro, Janete Scarani, Jeff Seon, Jorge Duarte, Jorge Fonseca, Julio Ferreira Sekiguchi, Kakau Bezerra, Lara Lima, LC Carvalho, Lea Soibelman, Lígia Teixeira, Lina Zaldo, Lord, Lourdes Barreto, Lucília de Assis, Luisa Gomes Cardoso, Luiz Badia, Luiza Dideco, Magda Sheeny, Manfredo de Souzanetto, Marcelo Valle e Manuela Benini, Marcio Zardo, Marco Antônio Portela, Marcelo Conceição, Marco Aurélio Damaceno, Marcos Cardoso, Marcos Müller, Mariana Maia, Marilene Nacaratti, Martha Niklaus, Mery Horta, Mirela Luz, Mônica Coster, Natália Quinderé, Nathalia Izidio, Neno del Castillo, Omarcca, Osvaldo Carvalho, Otamy, Otavio Avancini, Paulo Jorge Gonçalves, Pedro Mandarino, Pedro Sánchez, Pedro Sekiguchi, Petrillo, Raimundo Rodriguez, Raquel Gaio, Roberto Precioso, Roberto Tavares, Robson Martins, Rodrigo Sini, Ronald Duarte, Roosivelt Pinheiro, Rosana Ricalde, Sandra os, Sandra Seixas, Sema, Sergio Torres, Sheila Mancebo, Simone Magalhães, Sonia Salcedo, Suely Farhi, Thiago Haule, Thiago Ortiz, Toss, Timbuca, Viviane Teixeira, Wladimyr Jung e Xico Chaves.
UMA CONVOCAÇÃO PARA O CENTRO
Não perca a chance de vivenciar essa poderosa manifestação coletiva de arte e resistência. A exposição “Sem/100 Artistas – Imaginário Periférico” está aberta de segunda a sábado, das 10h às 18h, no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, na Rua Luís de Camões, 68, Praça Tiradentes, até 23 de agosto. A entrada é gratuita.
Visitas mediadas e rodas de conversa com os artistas acontecem nos dias 18 de junho, 15 de julho e 5 de agosto, às 15h.
QUADRO DE SERVIÇO – EXPOSIÇÃO NO RIO DE JANEIRO
Exposição: Sem/100 Artistas – Imaginário Periférico
Abertura: 6 de junho de 2025, das 13h às 17h
Período de visitação: de 7 de junho a 23 de agosto de 2025
Horário: segunda a sábado, das 10h às 18h
Entrada: gratuita
Local: Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica
Endereço: Rua Luís de Camões, 68 – Praça Tiradentes – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Classificação: livre
Atividades especiais:
Visitas mediadas e rodas de conversa com artistas da exposição
Datas: 18 de junho, 15 de julho e 5 de agosto, sempre às 15h
Local: Galeria 10 – Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica
DA PERIFERIA PARA O MUNDO: UMA ARTE QUE NÃO PEDE LICENÇA
Quando a arte periférica ocupa simultaneamente um centro cultural histórico no Rio e uma galeria de referência internacional na Espanha, algo fundamental está sendo dito: ninguém mais espera convite para ocupar o lugar que é seu por direito. O Imaginário Periférico não pede licença — ele entra, ocupa, transforma.
Essa é uma exposição que desafia, emociona, questiona e celebra. Uma exposição que grita onde havia silêncio. E se você acredita que a arte deve ser plural, diversa, inquieta — então vá.
Vai PERIFÉRICO, vai!