No Leblon, o problema é mesmo outro. Desde que esculturas de até dois metros do artista Beto Gatti foram instaladas no bairro, como parte da mostra Primórdios Digitais, um novo personagem ou a chamar atenção — e a causar certa agitação entre os moradores mais silvestres da área: os miquinhos.
As esculturas, feitas de bronze e com feições expressivas de chimpanzés, andam confundindo os micos que vivem nas árvores da região. “Eles ficam gritando pra ver se os chimpanzés respondem”, conta uma comerciante da rua, que já viu mais de uma vez um miquinho indignado encarando a peça imóvel. A preocupação entre os lojistas da Dias Ferreira é que a convivência entre arte e natureza esteja gerando mais ruído do que harmonia. O argumento é que esculturas desse porte deveriam ser instaladas longe das áreas com mata urbana, para evitar a “confusão emocional” dos pequenos primatas, que são bem comuns pelo bairro.
Mas calma — os biólogos garantem que é tudo ageiro. Segundo especialistas, é natural que os micos estranhem no início, mas como são extremamente espertos, logo percebem que os chimpanzés de bronze são, bem, apenas isso: bronze. “Eles têm comportamento curioso e inteligente, então devem se adaptar rapidamente”, afirmam.
A mostra foi inaugurada no início do mês e pode ser vista também na orla do Leblon, na Lagoa Rodrigo de Freitas (altura do Corte do Cantagalo), no Aeroporto do Galeão e na Praça Mauá. As esculturas fazem parte de coleções particulares e foram cedidas para a exposição. Cada uma contará com placas informativas e QR codes. As obras ficarão expostas até o dia 10 de junho.