Neto de colecionadores aciona Justiça para tirar do papel museu no Cosme Velho

Imóvel que pertenceu ao magnata Paulo Geyer guarda acervo de mais de 4 mil peças, com pinturas raríssimas do século XIX, mas segue fechado por falta de obras e recursos

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A promessa era transformar a antiga casa do casal de magnatas Paulo e Maria Cecília Geyer, no elegante bairro do Cosme Velho, em um museu dedicado a uma das mais importantes coleções de arte e iconografia do país. Mas o que se vê hoje, mais de vinte anos depois da doação ao Museu Imperial, é um imóvel fechado, sem data para abrir, e um acervo de mais de quatro mil peças longe do público.

Paulo Geyer foi considerado um dos homens mais ricos do Rio. Magnata da indústria petroquímica, tinha uma coleção de respeito, com obras raríssimas — algumas, pregadas até no teto — de nomes como Johann Rugendas, Thomas Ender, Nicolao Facchinetti, Emeric Vidal e Augustus Earle. Sua obsessão eram as paisagens do Rio de Janeiro no século XIX, mas há preciosidades ainda mais antigas, como um exemplar do Gaspar Barléus, datado de 1600, que retrata o Brasil no período colonial.

O projeto travou por falta de recursos. A abertura já foi prometida para 2017, depois 2020, 2022. As obras foram interrompidas em 2024. Para funcionar, a Casa Geyer ainda precisa cumprir exigências do Corpo de Bombeiros, garantir ibilidade e instalar climatização compatível com a conservação do acervo. A responsabilidade é do Ibram, que até agora não tirou o projeto do papel.

Na tentativa de mudar esse cenário, Frank Geyer Abubakir, neto dos colecionadores, recorreu à Justiça para obrigar a União a garantir a criação do museu. Segundo informações da jornalista Fernanda Pontes, na ação, ele afirma que o espaço vai além da memória familiar e representa um compromisso com a preservação da história e do patrimônio cultural brasileiro.

Relíquia desconhecida

Doada em 1999, a casa se tornou uma subunidade do Museu Imperial e abriga uma coleção que soma 4.255 itens — entre livros raros, desenhos, mapas, gravuras, móveis e peças de arte decorativa. São 1.120 imagens que registram o Rio imperial, seus logradouros, sua gente e paisagens. Também estão ali 2.590 livros de viajantes e cronistas do século XIX, além da lanterna de prata que ornamentava a carruagem de d. Pedro II. O conjunto foi tombado em 2014 pelo Iphan.

Localizada na parte alta do Cosme Velho, perto da divisa com Santa Teresa e do Hospital Silvestre, a casa é uma das poucas construções que ainda mantêm o charme arquitetônico do bairro.

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