Depois da criação do bairro Barra Olímpica — que ou a reunir oficialmente a área do Parque Olímpico, o Rio 2 e trechos da Curicica em 2024 — vem aí, ou melhor, pode vir aí, a Zona Sudoeste. Está para ser votado na Câmara do Rio um projeto de lei que cria essa nova zona geográfica no município do Rio.
O texto propõe separar da Zona Oeste toda a faixa que vai da Barra da Tijuca a Vargem Grande, ando por Recreio, Grumari, Rio das Pedras e toda a região de Jacarepaguá. Na prática, seriam formalizados novos critérios istrativos e orçamentários para esse pedaço da cidade, que já funciona com dinâmica própria, infraestrutura distinta e pressões urbanas bem diferentes do resto da Zona Oeste.
Segundo os defensores da medida, a criação da Zona Sudoeste permitiria uma distribuição mais justa dos recursos municipais. Hoje, a Zona Oeste concentra metade do território da cidade — e quase um quarto da população.
A Barra nunca se encaixou
A ‘crise de identidade’ é antiga. Ao longo das últimas décadas, circularam propostas que iam do desmembramento da Barra da Tijuca até a criação da “Zona da Barra”. Em 1987, um abaixo-assinado reuniu milhares de s e motivou um debate na Alerj. No ano seguinte, em 3 de julho de 1988, foi realizado um plebiscito sobre a emancipação da Barra. Cerca de 47 mil eleitores foram convocados a decidir se o bairro deveria virar município.
O movimento, liderado pelo urbanista Pedro Paulo Medina, chegou a organizar uma carreata com 900 carros e 3.500 pessoas. A campanha dizia que a Barra sofria com abandono: ruas sem asfalto, praias poluídas, esgoto sem tratamento e lagoas assoreadas. Segundo Medina, havia um processo de favelização acelerado.
O “sim” venceu nas urnas com 5.785 votos contra 433, mas a participação não chegou a 12% do eleitorado. Sem quórum, o projeto naufragou.